17 de setembro de 2011

Fernando de Noronha - o melhor destino nacional que já conhecemos!






Precisávamos usar as milhas que iam expirar. Como nunca conseguimos emitir nenhuma passagem no site do smiles, já estávamos incrédulos. Olhando os destinos no site eu falei Fernando de Noronha! e é claro que rimos, achando que não tinha a menor possibilidade. E não é que deu? Foram 40 mil milhas por pessoa ida e volta, mas foram as 40 mil milhas mais bem gastas da minha vida!

Eu fui direto de um evento em Manaus, então o voo foi bastante longo. Fiz escala em Brasília e dormi em Recife para só então pegar o voo de uma hora para o paraíso. No aeroporto de Recife, uma surpresa: os familiares dos habitantes da ilha tentam enviar mercadorias via viajantes, devido ao elevado custo de vida de lá. Fiquei com medo por não conhecer a menina que me pediu e não saber o que tinha na bagagem, mas ao chegar lá me arrependi por não ter ajudado. Vi que todos fazem isso e eu poderia ter evitado que aquela família pagasse muito caro por carne.

Fernando de Noronha tem cerca de 3 mil habitantes e número limitado de turistas. Os moradores têm uma vida cara e difícil. A ilha não tem prefeito, tem um administrador que é indicado pelo governador de Pernambuco e que mal aparece lá. Para tudo é preciso pedir autorização, por conta da preservação, o que é justificável, mas a população leva meses e até anos para receber uma resposta. A autorização para comprar um carro custa R$15 mil e um bugre velho custa R$60 mil. Todos os habitantes vivem do turismo e uma forma de fazer um pouquinho mais de dinheiro é transformando suas casas em pousadas domiciliares, mas para isso também é necessário autorização. Se o telhado voa com uma tempestade, é preciso pedir autorização para comprar telhas e reformar. Se uma mulher engravida, é obrigada a voar para Recife no sétimo mês de gravidez, para não nascer mais cidadãos da ilha, e assim não ter a obrigação de ajudar essas pessoas e não dar a elas nenhum direito ali.

Visitei a única escola da ilha, onde todas as crianças, adolescentes e até os adultos estudam. A diretora, que nos recebeu com muito carinho e interesse, se mostrou uma pessoa muito esforçada em fazer algo por todos, mesmo com pouquíssimos recursos. A escola oferece cursos em convênio com o SEBRAE, SENAC, etc para melhorar a recepção ao turista e pelo que eu vivi lá, acho que esses cursos devem ser excelentes.

Só tem um posto lá, e hoje a gasolina custa R$4 o litro. No Rio, o litro custa R$2,70. Tudo chega na ilha de barco ou avião e custa muito. Pena é todo mundo ter que lutar tanto por um pouco de qualidade de vida, morando naquele paraiso natural. Mas vamos deixar esses problemas de lado e pensar no turismo.

A chegada na ilha já é impressionante. Do alto, no lado direito do avião, avistam-se os Dois Irmãos, cartão postal do arquipélago, e a ansiedade por desbravar tudo só aumenta. No voo, só casais em lua-de-mel, e alguns poucos turistas europeus, impressionante.

O aeroporto é bem pequenininho. A ilha só permite a entrada de até 400 turistas simultâneos, e é preciso pagar uma taxa diária de permanência. Uma boa dica é pagar adiantado pela internet, assim o visitante não fica numa fila grande ao chegar no aeroporto.

Eu estava com medo de como seria a pousada. Quando reservei, era o último quarto da ilha, e eu sabia que a maioria das pousadas lá eram domiciliares. Um transfer nos esperava na porta do aeroporto e nos levou à Pousada Leão Marinho. Chegando lá, a dona, Marilucia, nos esperava na porta. Com uma voz calma e macia, Marilucia gastou pelo menos 30 minutos conosco explicando sobre a ilha e dando dicas de passeios e como economizar. Indicou a valiosíssima Silvia, sua vizinha ali de perto, que preparava um delicioso peixe do dia na brasa com salada por apenas R$25 por pessoa. Indicou também o guia David, que no dia seguinte fez o Ilhatour conosco (ilhatour é como eles chamam o city tour na ilha).

Marilucia foi incrível durante toda a hospedagem. Nos tratou como filhos e preocupava-se com cada detalhe. Honestamente, nunca fui tão bem tratada em hotel 5 estrelas nenhum no mundo. Era ela mesma que cuidava de tudo.

O tour na ilha foi ótimo. Foi bom porque o guia era muito atencioso e morador da ilha, e porque assim nós conhecemos a ilha e escolhemos os lugares que mais gostávamos para visitar novamente depois.



A baia do Sueste foi marcante. Lá foi nosso primeiro mergulho na ilha, e somente com o snorkel foi possível nadar com tartarugas, tubarões, peixes coloridos, arraias e avistar corais e esponjas lindos.





A paria do Sancho, eleita várias vezes a mais bonita do Brasil, faz jus ao título. A água azul claríssima e morna tem visibilidade incrível e o mergulho lá é lindo. O acesso é dificultado por uma trilha moderada e a praia é quase deserta.




Ali do lado ficam a Baia dos Golfinhos e a Baia dos Porcos (fotos abaixo). Na Baia dos Golfinhos, se você acordar cedo e estiver lá às 6h, consegue ver a chegada dos golfinhos rotadores todos os dias. Lá eles ficam em estado de repouso até o começo da tarde, quando saem novamente para caçar no mar. Na Baia dos Porcos, de água azul fluorescente, as piscinas formadas na maré baixa convidam ao banho.



Outro passeio imperdível é a trilha do Atalaia. Só dá pra fazer com um guia e com reserva de horário no Ibama. Não é permitido usar filtro solar ou mesmo encostar o pé nos corais das piscinas naturais formadas na maré baixa, para preservar as espécies.



A ilha tem dezenas de lugares lindos de visitação obrigatória. Praia do Cachorro, Buraco da Raquel, Museu do Tubarão, o porto, ponta da Air France, Cacimba do Padre.



A visita ao Tamar é obrigatória. Todos os dias tem uma palestra noturna sobre vida marinha em Noronha, sempre de uma espécie diferente, e dicas de como apreciá-las na ilha.

Agora um assunto que muito me agrada: comidinhas. Tudo que comi lá foi ótimo. Frutos do mar, sempre! Carne lá é caríssimo e de péssima qualidade. Peixe, tubarão, camarão, siri, tudo é bom e fresco. O peixe da Silvia, recomendado pela Marilucia, era realmente excelente e barato. Mas foi a única coisa boa e barata da ilha. Tudo era bom mas muito caro. O Bistro da Cacimba foi excelente. Cardápio criativo e delicioso. Não aceitam cartão. O restaurante da Edilma também estava ótimo. Comemos uma sinfonia de frutos do mar caprichada. Custou R$88. No museu do tubarão tem hamburguer de tubarão. Vale a pena experimentar. O Chica da Silva é imperdível. Bonitinho e delicioso.




Não tenha pressa em Fernando de Noronha. O atendimento é excelente e educado, mas tudo demora um pouco. Internet é um problema sério. Não vá, como eu e Flavio, durante a semana de trabalho achando que vai se dar ao luxo de fazer um home office da praia. Foi um estresse total. Na ilha tem internet wi-fi gratuita, mas na velocidade da tartaruga em terra, quando está no ar.

Voltaremos com toda certeza. De férias, dessa vez. Já queremos começar a fazer os planos. Não há lugar mais bonito que esse nos destinos que já conheci.